Harmonia entre o discurso e a prática, para o homem público – coerência

5 de dezembro de 2002

Compartilhe:

O dicionário de filosofia é claro quando define coerência como “ordem, conexão, harmonia de um sistema de conhecimento, critério da verdade, ausência de contradição.” Para o homem público a coerência é o parâmetro e a verdade da sua própria consciência. É a disciplina entre o falar e o fazer. É a harmonia entre o discurso e a prática, sem contradição.

De acordo com o que vivemos e pensamos, coerência é o padrão de pensamento que move nossa forma de agir. Não pode haver contradição entre as promessas de discurso e a prática. Da nossa parte, vale dizer que procuramos defender idéias, pontos de vista, levantar bandeiras e tentar concretizá-las, procuramos não fazer promessas absurdas, que temos certeza de não poder cumprir.

Os últimos acontecimentos relacionados ao Governo eleito refletem uma realidade. Cobranças estão acontecendo antes de o governo tomar posse. Trata-se de uma incoerência, pois não se admite cobranças daqueles que não conseguiram, em oito anos, concretizar as promessas feiras. É Incoerência de tempo e de espaço. O momento é de ajustes, de transição. O novo Governo devera ser avaliado a partir do próximo ano, tempo suficiente para que se estabeleça os critérios da sua nova forma de governar.

Sabemos que os efeitos da nova prática não serão imediatos, mas a paciência também faz parte da coerência. Torna-se impossível, no primeiro mês, responder à tudo o que foi colocado no seu programa de Governo.

Temos quatro anos para dar início a um processo de restauração do Estado. Entre empurrares fatores, temos como mera a Reforma Agrária, o fortalecimento do Mercosul, o combate as discriminações, o salário mínimo justo, a diminuição da taxa de juros, a geração de empregos, o investimento na produção, etc. Incoerência é a cobrança imediata em oito dias de quem não fez em oito anos.

Parece que neste importante embate político sobre o salário mínimo, muitos, na ânsia de participar e “arriscar’ opiniões, usam e abusam de julgamentos precipitados e eloqüentes. É desnecessário dizer que na democracia a expressão é livre, mas não custa nada ponderar algumas observações. Da nossa parte, estamos mantendo a coerência. Alguns tem dito que mudamos de opinião em relação ao valor do salário mínimo, chegam a ironizar”, declarando que existem diferenças entre o “velho’ Paim e o “novo”. Quando defendíamos os cem dólares, a coração estava em cerca de R$ 2,50. Continuamos defendendo na Integra o nosso projeto, que contempla também os interesses dos aposentados e pensionistas.

As afirmações e ironias que temos ouvido são meras provocações, pois os atuais governistas não querem assumir que o valor do mínimo de R$211,00 foi proposto pelo seu Governo. A oportunidade que tinham de dar vida digna ao nosso povo foi desperdiçada em oito anos de salários baixos. Agora é a nossa oportunidade de levar adiante os projetos de justiça social que sempre defendemos e queremos ter a oportunidade de, primeira assumir o Governo, para agir de acordo com a nossa consciência e com o que sempre lutamos.

Só para lembrar, no Rio Grande do Sul, onde somos governo, o salário mínimo já é maior que R$250,00. Lá o mínimo regional está entre R$263.00 e R$286,00. É o estado que tem a menor taxa de desemprego e o maior PIB industrial do país. Isto demonstra que o salário mínimo não causa desemprego e nem Prejudica o empregador. Defendemos um mínimo maior’ porque este é um dos melhores métodos para combater a fume e a miséria.

Em toda nossa vida lutamos por emprego, salário e renda. Não é incoerência desejar que a nossa população tenha vida digna; que exerça a cidadania que lhe é de direito. Não é incoerência lutar para que isto aconteça e para manter os critérios da verdade dos números, da transparência dos dados e da comprovação de receitas. Não é incoerência dar o devido tempo para que a ordem das coisas se estabeleça.

O Pacto Social propostos por Luiz Inácio Lula da Silva já é uma realidade. Empresários, sindicalistas, representantes de organizações não-governamentais e de movimentos sociais, sentam-se a mesma mesa para propor soluções. Precisamos de união. Está na hora de acordarmos para uma nova sociedade. Chega de apontar “culpados demagogos”. Está na hora de “todos” somarmos forças por aqueles que já não tem voz para falar, pois estão morrendo.