Edição 35
Câmara apura o maior assalto do país
5 de junho de 2003
Antonio Ermírio de Moraes Empresário
Enquanto uma CPI no Rio de Janeiro faz progressos para identificar a propriedade das contas suíças que abrigam mais de US$ 33 milhões enviados do Brasil, o Senado sepultou uma CPI que investigaria as denuncias de remessa ilícita de US$ 30 bilhões para banco do exterior. Sim, US$ 30 bilhões!
Em boa hora, a Câmara dos Deputados assumiu a empreita e promete apurar o caso em tempo hábil.
Esse dinheirão teria sido irregularmente remetido para o exterior através do Banco do Estado do Paraná – Banestado – (e de outros), no período de 1996 a 1999. É um montante colossal, equivalente ao empréstimo que o FMI fez ao Brasil e que terá de ser pago com o suor do povo.
A apuração dessa denuncia é fundamental para a moral do país. Se for falsa, que se punam as Ímprobos delatores. Se for verdadeira, que se condenem os autores e se busque o dinheiro.
O que as autoridades não podem fazer e jogar esse descalabro para debaixo do tapete.
O assumo veio a público por meio da imprensa, que apresentou uma profusão de detalhes. O dinheiro era remetido para o exterior por meio de contas CC-5, iniciando a trajetória por Nova York e terminando em vários outros destinos, em nome de políticos, de empresários e de figurões da Republica.
Teria sido, assim, o maior assalto da história do Brasil. A “superlavanderia» fora montada nas barbas do Banco Central, o que causa uma profunda indignas:ao a quem trabalha e vive corretamente.
O aborto da CPI no Senado baseou-se em desculpas esfarrapadas.
Uma delas é que a apuração atrapalharia a tramitação das reformas. Outra é que o Poder Executivo vai retomar as investigações do fato.
Congratulações à Câmara dos Deputados por assumir essa responsabilidade sem abdicar das demais.
A discussão das reformas está a todo vapor, e a sua constitucionalidade já foi aprovada.
É uma demonstração de que, quando os parlamentares querem, os projetos caminham com rapidez.
No caso dos US$ 30 bilhões, tudo indica que a CPJ terá seu trabalho facilitado.
O governo dispõe de farta documentação e inúmeros depoimentos de profissionais importantes da Polícia Federal, da Receita Federal e do Banco Central. Isso será muito útil aos integrantes da Comissão.
Enfim, não havia por que deixar os brasileiros as escuras diante de um assalto tão assombroso.
Oxalá tudo seja mentira e invencionice dos denunciantes, pois, do contrário, o desanimo e a desilusão tomarão conta da nação.
Seja o que for, o esclarecimento é urgente.
Temos o direito de saber a verdade, e as autoridades tem o dever de apurá-la, fazendo retomar o dinheiro aos cofres públicos.
É para isso que pagamos impostos. Senhores depurados, parabéns e mãos à obra!