Em 2 anos, STF manda extraditar 50 estrangeiros procurados pela Interpol
9 de fevereiro de 2021

O casal Mohammad e Melissa Al Sharairei, que teve a extradição autorizada pelo STF. Imagem: Reprodução
O jordaniano Mohammad Al Sharairei, 43, e a mulher, a norte-americana Melissa Al Sharairei, 39, acusados em 2014 nos Estados Unidos pelos crimes de tráfico de drogas, jogos de azar e lavagem de dinheiro, escolheram o Brasil como esconderijo.
Segundo a Justiça dos Estados Unidos, os dois lucraram US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 7 milhões na cotação atual) com a venda de drogas sintéticas entre janeiro de 2012 e junho de 2013, e lavaram dinheiro, inclusive montando casa de jogos com máquinas caça-níquel no estado de Iowa. O UOL não conseguiu contato com a defesa do casal.
Marido e mulher fugiram para a Califórnia em outubro de 2014, seguiram para o México e foram para a Venezuela. De lá, no ano seguinte, entraram em território brasileiro pela cidade de Pacaraima, em Roraima, na fronteira dos dois países.
Ambos usaram documentos e nomes falsos e disseram ser refugiados da Síria. Conseguiram assim ludibriar as autoridades fronteiriças. A farsa só foi descoberta em 22 de fevereiro de 2019, quando tiveram decretada a prisão preventiva para extradição pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e acabaram detidos em São Paulo.
No últimos dois anos, os ministros do STF expediram 50 mandados de prisão preventiva para extradição de estrangeiros que escolheram o Brasil para se esconder. Todos foram presos, incluindo o casal Sharairei.
Eles são acusados de cometer crimes no exterior. As acusações são de narcotráfico, tráfico de seres humanos, lavagem de dinheiro, fraudes financeiras, estupros, pedofilia, feminicídio, roubo, furto, estelionato, lesão corporal dolosa e uso de documento falso. Cada um deles teve o nome inserido na difusão vermelha da Interpol, a Polícia Internacional.
Os 50 estrangeiros são de 20 países diferentes:
Uruguai – 8
Argentina – 7
Itália – 5
Estados Unidos e Paraguai – 4
Reino Unido, Portugal, Bélgica, Venezuela, Colômbia, Bolívia e Chile – 2
Espanha, Turquia, China, Coreia do Sul, França, Haiti, Peru e Jordânia – 1
O ministro Gilmar Mendes decretou a preventiva e extradição de oito estrangeiros, seguido por Cármen Lúcia (seis); Rosa Weber (seis); Luís Roberto Barroso (seis); Ricardo Lewandowski (cinco); Marco Aurélio Mello (quatro); Alexandre de Moraes (quatro); Dias Tofolli (quatro); Luiz Fux (três); Edson Fachin (dois); Nunes Marques (um) e Celso Mello (um).
O mais recente mandado de prisão preventiva e extradição decretado foi cumprido no último dia 2. O italiano Alduino Giannotta, 58, foi preso na região metropolitana de Recife. Ele foi acusado de traficar drogas da Holanda para a Itália entre maio de 2017 e novembro de 2018.
Advogados de Giannotta alegaram em petição ao STF que o cliente vivia no Brasil desde 2014, é casado com brasileira e tem sérios problemas de saúde, como cardiopatia grave, hiperplasia prostática e diabetes. Os defensores pediram ao Supremo a prisão domiciliar para o italiano.
Outro italiano, Roberto Guerini, 60, foi acusado por fraudes e o golpe somou a cifra de 500 milhões de euros (cerca de R$ 3,2 bilhões na cotação atual). A pena dele é de 12 anos. Ele fugiu para o Brasil e morava há um ano no município de Sirinhaém, em Pernambuco, onde foi preso em 23 de novembro do ano passado.
O defensor de Guerini argumentou na petição ao STF que o cliente é dono de uma fazenda no Brasil desde 2005, é casado com brasileira e desconhece a acusação que lhe é atribuída pela Justiça italiana. O nome dele foi inserido na difusão vermelha da Interpol em 13 de outubro de 2020.
O turco Vedat Kayretli, 48, era foragido da Justiça na Bélgica. Ele foi acusado de traficar seres humanos, inclusive menores de idade, para o Reino Unido. As vítimas eram refugiadas da Síria e transportadas em um veleiro a partir do porto belga de Nieuwpoort.
Segundo autoridades belgas, os crimes foram cometidos em 2016. O turco foi condenado na Bélgica a oito anos de prisão e pagamento de multa de 144 mil euros (R$ 936 mil). Ele foi preso em São Paulo em 15 de outubro de 2020. O UOL não conseguiu contato com o advogado dele.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.
Publicação original: Uol