Basta de leniência: “Eles não são gente, são monstros”

13 de janeiro de 2007

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(Editorial originalmente publicado na edição 78, 01/2007)

O notável escritor italiano Giovanni Papini (1891/ 1956), em uma de suas consagradas obras – ao se referir aos membros da polícia fascista, descrevendo cenas dantescas de torturas, sacrifícios e mortes aplicadas aos opositores do regime opressivo imposto por Mussolini _ , com palavras contundentes, assim definiu a malta de torturadores: “Eles não são gente, são monstros transvertidos em animais; não têm rosto, têm focinho; não têm mãos, têm garras; são animais peçonhentos em transmutação em verdadeiras excrescências humanas”.

Tais conceitos de Papini, bem a propósito, levam-nos a lembrar esses atuais facínoras, produtos de uma sociedade estarrecida e acuada, somando-se com governos comprometidos, senão coniventes, com o descalabro da corrupção, impunemente afrontam as pífias medidas de segurança, deixando a população à mercê desses vândalos, os quais, acintosas e atrevidamente desprezam, desafiam e aviltam o Poder constituído, perversamente assaltando e incendiando veículos particulares, evoluindo para os coletivos de passageiros, fazendo-os prisioneiros de suas sanhas, com requintes bárbaros e desumanos, causando mortes horrorosas de inocentes crianças, mulheres grávidas, trabalhadores e pessoas idosas, impiedosamente queimadas vivas.

O desafio com que a pérfida corja organizada de bandidos afronta a nação não pode ficar impune, sob pena de ingressarmos, muito aproximadamente, no regime da plena anarquia. Essa súcia de bárbaros em nossas cidades, cometendo crueldades contra indefesos e inocentes cidadãos, está a impor, aos senhores governadores, o despertar de atitudes objetivas e drásticas. A difícil situação econômico-financeira, geradora do desemprego e desajustes sociais por que passa a nação, obviamente, não pode servir de pretexto ou escudo aos assaltos e roubos que praticam, agravados, tanto mais, quando associados aos cruéis assassinatos no nosso cotidiano.

A atual situação de descalabro em que se deparam os serviços de segurança pública, em todo o país, já não garante a tranqüilidade, nem a vida da população. Além disso, essa situação exige, principalmente do Poder Legislativo Federal, medidas drásticas, com alterações de base, especificamente na legislação penal e penitenciária, providência que se alvitra na perspectiva de frear essa horda de criminosos, os quais, com requintes de crueldade e inominável perversidade, infestam e anarquizam a Nação.

Bem se há de frisar, as repetidas violências, praticadas com ferocidade animalesca, devem ser revidadas com mudanças efetivas e práticas que visem a coibir o crime, penalizando com maior rigor essa nauseabunda horda de impiedosos delinqüentes e, em última análise, como fator de intimidação derradeira, senão mesmo com a aplicação do vaticínio bíblico: “olho por olho, dente por dente”.

Os pruridos inócuos dos defensores de direitos humanos, no pregão de princípios cristãos em abono de suas teses e recomendações, obviamente, se contrapõem às dores, sofrimentos e desgraças das indefesas vítimas de assaltos e, principalmente, dos familiares que tiveram suas filhas e mães violentadas, crianças, jovens e chefes de família trucidados, dentre outros casos de hodierna violência.

É tempo, e hora, do novo Congresso Nacional redimir o país da desídia, da omissão, dos escândalos escancarados de toda a corrupção comprovada da última legislatura, a fim de que, com trabalho e ações apropriadas, quão imediatas a coibir o cenário cinzento, senão mesmo escuro, pelo qual passamos, justifique a outorga do mandato popular recebido, defendendo os interesses e prerrogativas constitucionais de todos os cidadãos.

A “fala” do Presidente da República, coadjuvada no mesmo tom, seguidamente das providências já desfechadas pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, demonstram, que ainda subsiste luz no fim do túnel, no que se leva a crer, ainda que tardiamente, poderão trazer esperança numa ação presentânea, de natureza repressiva, de modo a tranqüilizar a sobressaltada e acuada população brasileira, praticamente até então ao desamparo. Portanto, basta de leniência. Assim, ninguém agüenta mais.