Em 2008 completamos nove anos de circulação mensal, tendo galgado graças ao apreço, apoio e colaboração recebidos com as matérias e artigos publicados, o prestígio e a conceituação que logramos alcançar entre os operadores do Direito.
Os mesmos intentos e objetivos a que nos propusemos desde o início – defender e prestigiar o Poder Judiciário e a Magistratura – continuam e estão inalterados.
As figuras criadas por Miguel Cervantes de Saavedra, de Dom Quixote de La Mancha e Sancho Pança, representativas do idealismo e pureza da luta contra as injustiças e defesa dos desassistidos na pregação da ética, da dignidade, do amor, da fidelidade, da coragem, da renúncia e da determinação, foram materializadas com os troféus respectivos, cujos símbolos representativos são outorgados aos colaboradores da Revista, em agradecimento às publicações feitas.
Não é demais repetir, pelo significado das figuras, as palavras do Ministro Carlos Velloso, quando presidente do Supremo Tribunal Federal e a primeira personalidade do judiciário a receber o troféu, no seu pronunciamento: “O Quixote, desde a minha adolescência, sempre foi o meu herói. Compreender o Quixote é muito importante; é compreender que todos nós estamos empenhados em salvar o nosso povo, em salvar a nossa Nação. Preferimos acreditar, portanto, que haveremos de salvar este País, e assim seremos fiéis ao Quixote. Vamos lutar para fazer deste judiciário brasileiro um poder cada vez mais independente, mais poderoso e mais respeitado, porque é o Poder Judiciário quem garante o direito declarado”.
Vale também consignar as palavras do Ministro Marco Aurélio Mello, ao receber na mesma solenidade o troféu Dom Quixote: “Acabamos de receber uma distinção; um prêmio que nos confere a quadra vivida. É uma quadra que exige Dom Quixote. Exige àqueles que agem e combatem a apatia hoje relevada. Precisamos repensar o destino de nossa sociedade; precisamos marchar objetivando proporcionar ao povo brasileiro, àqueles 30 milhões que vivem na pobreza e
que nos fazem responsáveis pelo resguardo da própria digni-dade do homem. E nesse campo, nós, operadores do Direito, que somos responsáveis pela segurança jurídica, devemos ser acima de tudo artífices da almejada Justiça.”
Também o Ministro Peçanha Martins, Vice-Presidente do STJ e Presidente da Confraria Dom Quixote, em solenidade realizada no Supremo Tribunal Federal para outorga dos troféus Dom Quixote e Sancho Pança, fez o significativo pronunciamento: “O espírito de Quixote se incorporou à alma brasileira no cadinho de raças, tipificadora da união fraterna que deve reinar entre nações. Brancos, pretos, amarelos, mulatos e mamelucos, constituímos um povo altruísta, generoso, cultor do amor, alegre e disposto à vida digna nos padrões éticos e morais perseguidos por Quixote, sem abandonar o senso pragmático de Sancho Pança – eternos personagens do teatro da vida.”
E foi diante destas sábias considerações que a editoria da
Revista resolveu instituir como símbolos da magistratura, dogmatizando as figuras de Dom Quixote de La Mancha pelos ideais consagrados e de Sancho Pança pelos propósitos de fidelidade, o que se coaduna com a postura cotidiana do magistrado e todos quantos aplicam na sua vida os mesmos princípios esposados nas criações de Miguel Cervantes de Saavedra.
Dom Quixote nos transmite uma lição de purificação do mundo pelo heroísmo, não por um heroismo do tipo hercúleo, mas por outro feito de fé intangível, de pureza perfeita, e de um atributo que a todos define – o dom de si mesmo.
O dom de si mesmo salva o Quixote e o faz triunfar de seus fracassos e enganos pelo exemplo de que deixou ensementada a consciência dos tempos seguintes. Este mundo de hoje reclama a volta de Dom Quixote, pelo sentido de pureza, fidelidade, amor, coragem, renúncia, dignidade e determinação – por sentir que sem eles a sua vida não teria sentido. De todos os lados, sob os mais variados e diversos nomes e as mais contraditórias aparências, o que o homem dos nossos dias pede e reclama, o que ansiosamente espera, é o retorno de Dom Quixote.
Eis a razão pela qual, mais do que se estivesse vivo e presente entre nós, Dom Quixote é hoje de maior atualidade do que era para os seus contemporâneos, quando percorria os ensolarados caminhos de Espanha.
A editoria da Revista reafirma, neste início do novo ano, que prossegue com os mesmos propósitos de fidelidade aos princípios éticos, em defesa da justiça, do Poder Judiciário, da Magistratura e dos direitos da cidadania.
E que Deus nos ajude a continuar a perseguir este ideal!