A difícil arte de governar

5 de abril de 2004

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O debate sobre, moral ética e política sempre ocupou um lugar de destaque nas lições dos filósofos e historiadores. Não é preciso dizer que o tema é dos mais controvertidos.

Muitos argumentam que o governante nem sempre pode dizer a verdade, em especial, nos campos da economia  e da segurança.

Assim  como o governo está impedido de anunciar a desvalorização cambial, está bloqueado pra revelar seus planos de segurança.

Mas se tais exemplos são verdadeiros, eles não podem ser generalizados para toda e qualquer ação do governo.

Na administração dos recursos públicos, assim como na busca do poder, o povo tem o direito de exigir condutas retas e transparentes dos governantes, nada justificando manobras diversionistas que visem a deslocar sua atenção.

O Brasil vive momentaneamente uma crise de confiança.

O povo votou na esperança de ver concretizados os planos de justiça social longamente pregados por quem sempre elevou a ética e a moral acima de qualquer virtude.

Se isso ruir, ruirá a esperança. Mas desanimar não faz parte do vocabulário do brasileiro.

Por outro lado é importante considerar que confiança depende mais de exemplos do que de pregação.

Se o vaso foi trincado, é preciso reconstruí-lo, punindo com firmeza quem abusou da intimidade dos governantes e afastando, uma vez comprovado, os que agiram com cúmplices.

Isso é absolutamente essencial para recuperar a credibilidade que, no momento, é um ingrediente essencial para realização do desenvolvimento econômico, social e político da nossa nação.

Nesse campo não há lugar para acomodações.

O que deve pairar sobre tudo é a efetividade das instituições, em especial, da Justiça.

O Brasil não é o único a ser atacado por surtos de desconfiança. No mundo desenvolvido não faltam exemplos de governantes que mentiram aos governados, causando estragos nas finanças públicas e corroendo o respeito nacional.

Lá como aqui, a confiança só volta quando as instituições democráticas identificam e punem os infratores, evitando que a nação entre pelo descaminho dos doentes desenganados.

Felizmente, o Brasil possui instituições que se prezam, assim como dispõe de um bom número de governantes que respeitam os valores da moral e da ética.

No âmbito de São Paulo, presto aqui uma homenagem aos últimos governadores, que administraram e vêm administrando o Estado com seriedade e correção, dando um bom exemplo ao restante da nação.

Não seria bom que tais condutas pudessem ser generalizadas? E que os tribunais não precisassem intervir para apurar irregularidades?

É calor que sim. Mas, melhor ainda, é deixar a Justiça livre para que os tribunais possam agir quando necessário.

Pendo que a confiança não foi perdida – mas precisa ser urgentemente restaurada.