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A Constituição como bússola da sociedade

6 de novembro de 2018

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Finalizado o período eleitoral e definido o novo presidente da República, cabe ao eleito, de agora em diante e mais do que nunca, o compromisso de governar para todos os brasileiros. Unir a sociedade em torno de um objetivo único: o avanço socioeconômico e a pacificação social. É preciso governar buscando o encontro de ideias, não o confronto. O momento é de união. Responsabilidade é palavra chave. Maturidade democrática é ingrediente fundamental para governo e oposição nos papeis que lhes cabem.

Espera-se que o próximo mandatário seja capaz de conduzir a um novo patamar um país que hoje se encontra em crise ética, moral e econômica. Esse caminho terá de ser trilhado tendo a Constituição como bússola, resguardando o Estado Democrático de Direito, as instituições e a confiança depositada pelas cidadãs e cidadãos. O combate às crises não pode ser usado como justificativa para relativizações a esses bastiões democráticos.

Não há solução fora da lei e tentativas de tangenciá-la devem ser vigorosamente denunciadas e combatidas. Nossa democracia precisa de menos confronto e mais encontro e de serenidade e equilíbrio de nossos agentes públicos, que devem saber que o poder emana do povo e em seu nome é exercido por meio de seus representantes eleitos.

Por isso, é também momento de renovar a esperança e a confiança nas instituições e preservar o regime democrático conquistado com tanto sacrifício. A democracia é justamente o que garante o direito de cada um expressar sua opinião.

Os desafios serão enormes e é fundamental que cada um de nós tenha consciência de seu papel. É imprescindível que a ponderação, o equilíbrio e temperança sejam a tônica das relações políticas e sociais. O conflito não interessa a ninguém.

Neste ambiente radicalizado – e não há veneno maior para a democracia do que aquele que impõe a ausência da razão – quem primeiro perece é a moderação, sem a qual, o diálogo, peça indispensável para a conciliação entre as partes, aconteça. A política é um dos fios condutores da vida das pessoas. E é isso que está em debate neste momento: a vida das pessoas.

O Brasil precisa vencer os extremismos de direita e de esquerda para encontrar um novo consenso, capaz de reunificar a sociedade em torno daquilo que nos une: a superação das crises que hoje colocam em xeque nosso desenvolvimento e assusta a todos.

Se temos um caminho a seguir, temos também desafios a superar. É preciso vencer as barreiras que hoje tornam mera ficção os direitos fundamentais que são custeados pela maioria, mas acessíveis a um contingente ínfimo de cidadãos. Porém, a necessidade de reformas não pode ser desculpa para retrocessos.

O povo renovou significativa parcela do Legislativo, mas a responsabilidade não termina com o voto. É o momento de fiscalizar e cobrar coerência dos eleitos. A participação ativa do cidadão é ingrediente básico para aprofundarmos as raízes de nossa democracia e dos valores tão bem expressos em nossa Constituição.