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Juiz Federal norte-americano Peter Messitte recebe a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul

30 de junho de 2017

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O Juiz Sênior Federal Norte-Americano e membro do Conselho Editorial da Revista Justiça & Cidadania, Peter Messitte, recebeu no início do mês de junho a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, no grau de Comendador, concedida pelo Presidente da República do Brasil e Grão Mestre da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, Michel Temer. Leia abaixo a íntegra do discurso proferido pelo homenageado na ocasião:

“Excelentíssimo Senhor Presidente da República Michel Temer,

Excelentíssimo Senhor Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, em cujo nome cumprimento todos os demais membros do Judiciário e do Executivo Brasileiros aqui presentes,

Prezados amigos e colegas,

Parafraseando o grande compositor Tom Jobim, “minha obra é toda um canto de amor ao Brasil, a terra, povo, flora e fauna. À vista da minha janela ou da janela do avião.

É uma imensa, quase indescritível honra quando o trabalho de uma vida inteira é reconhecido por um país (não menos) como sendo valioso. Isto é particularmente verdadeiro quando o trabalho fundou-se em paixão genuína e plena realização profissional e pessoal. Para mim, não há maior distinção do que o reconhecimento que a República Federativa do Brasil está me concedendo, por uma vida de dedicação ao que amo, semprei amei e continarei amando.

Como os senhores já ouviram, vim ao Brasil pela primeira vez com minha esposa, Susan, em 1967, à cidade de São Paulo, como membro da Peace Corps. Trabalhamos em uma série de projetos, incluindo alguns na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, onde tive a oportunidade de conhecer ilustres figuras do Direito, tais como o Ministro Alfredo Buzaid, e os Professores Vicente Marotta Rangel e Dalmo Dallari.

Durante nosso tempo no Brasil, além de satisfação profissional, tive muitas alegrias na minha vida pessoal. Aqui nasceu meu filho Zach, agora Presidente de uma Faculdade nos Estados Unidos. O nome do meio de Zach é Paulo (não Pablo, nem Paul, Paulo mesmo), em homenagem à cidade de São Paulo onde nasceu. Fizemos questão, inclusive, de que Zach tivesse nacionalidade brasileira, bem como norte-americana.

Retornamos, então, aos Estados Unidos no final dos anos 60, e tive a sorte de prestar serviços como advogado da Embaixada Brasileira em Washington D.C., mantendo firmes meus laços com o Brasil. Mais à frente, tornei-me juiz estadual e, depois, federal e, ao longo dos meus 32 anos na magistratura, tive a honra de conhecer e receber nos Estados Unidos não menos de 1.000 magistrados brasileiros, muitos dos quais tornaram-se amigos pessoais e com quem tive a oportunidade de colaborar, dentre eles os Ministros Carlos Mário Velloso, Ellen Gracie, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Teori Zavascki, Cármen Lúcia, e muitos outros queridos amigos do Superior Tribunal de Justiça – noto que o Ministro Paulo Sanseverino está aqui hoje –; do Tribunal Superior do Trabalho – o Presidente Ives Gandra Filho e a Ministra Maria Cristina Peduzzi, que estão aqui nesta manhã, e vão visitar minha faculdade, a Washington College of Law da American University, em Washington, em aproximadamente 10 dias –; do Tribunal Superior Eleitoral e de vários Tribunais de Justiça. Também gostaria de reconhecer alguns amigos pessoais: Dr. Paulo Bekin, Dr. Carlos Eduardo Caputo Bastos, Dr. Augusto Coelho, e Juiz Marcus Onodera.

Nas minhas muitas visitas ao Brasil, ganhei também a carinhosa alcunha de amigos brasileiros – da qual muito me orgulho – de “Juiz de Fora”, em alusão ao nome dado a juízes itinerantes nos tempos do Brasil colônia. Em verdade, creio que, no meu caso, o apelido deva-se ao fato de eu vir periodicamente ao Brasil, fazer certas observações e críticas ao sistema local, desaparecer e depois retornar, de maneira similar ao Gasparzinho, o Fantasminha Camarada.

Tenho muitas pessoas a quem agradecer por tornarem esta condecoração possível: Ministros, juízes, assistentes judiciários, advogados e Ordens de Advogados, o Departamento de Estado norte-americano e a Embaixada dos EUA em Brasília, dentre muitos outros que me auxiliaram no processo de obtenção deste prêmio. Gostaria, ainda, de fazer um agradecimento especial ao Excelentíssimo Senhor Ministro Gilmar Mendes, amigo de longa data, que sugeriu que tamanha honra me fosse concedida.

Por fim, eu e minha esposa temos profunda gratidão ao Presidente da República e membros do Judiciário brasileiro, à Ordem dos Advogados do Brasil e a todas as pessoas deste maravilhoso país que tanto amamos.

Sempre que volto para os Estados Unidos, carrego comigo as palavras do poeta Gonçalves Dias,

Não permita Deus que eu morra

Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores

Que não encontro por cá;

Sem que ainda aviste as palmeiras

Onde canta o sabiá.

May God never allow

That I die before I return;

Without seeing the beauties

That I cannot find here;

Without seeing the palm trees

Where the thrush sings.