É indiscutível e reconhecida a assistência e a benemerência que o Presidente Lula dispensa aos pobres, desassistidos e injustiçados que pervagam anônimos e desgraçados por esse imenso Brasil afora.
Entretanto, vez ou outra, o Presidente da República se excede, ao conceder benemerência contra incontestáveis direitos contratuais assegurados à Nação, em evidente detrimento aos interesses e necessidade da carente e sofrida população.
Um dos casos mais extravagantes que atinge as raias do absurdo, é o engajamento a que se propõe no sentido de apoiar ostensivamente a absurda pretensão do Presidente Lugo, do Paraguai, no tocante à espoliação que este pretende contra o acordo estabelecido, quando da construção da Usina Hidroelétrica de Itaipú.
É patente que a realização da gigantesca Usina, na ocasião tida como obra de grandeza ufanista, imposta pela prepotência dos governos militares, e que foi realizada contra a opinião de técnicos e especialistas, que desaconselhavam a construção da Usina nas margens do Rio Paraná, na fronteira entre os dois países, pelo inútil desperdício de gastos nababescos, que iriam onerar grandemente os cofres da Nação, levando benefícios enormes para o país vizinho, sem nenhuma vantagem econômica, comercial e política para o Brasil.
Contra a decisão de construir Itaipú, manifestaram-se entidades de classe, como o Instituto de Engenharia, cientistas e especialistas no assunto, que opinavam e sugeriam a construção de três usinas, menores e mais modestas, no leito do Rio Paraná e em território nacional, com a mesma ou maior potência que a de Itaipú, sem que o Brasil tivesse a obrigação de financiar a parte correspondente, devida pelo Paraguai, correndo o risco, como acontece agora, de o governo daquele país vizinho não cumprir o pactuado, e ainda, com o absurdo de reivindicar o aumento de benesses inaceitáveis, que ferem enormemente os interesses do Brasil, com consequências desastrosas e irrecuperáveis para a economia brasileira.
A pretensão do Paraguai de rever as cláusulas contratuais firmadas na ocasião, reivindicando o aumento despropositado de triplicar em mais de 200%, correspondente a 240 milhões de dólares anuais até 2023, constitui verdadeiro crime de lesa-pátria, impossível e inominável de se aceitar, primeiramente, porque indevido, ferindo o tratado convencional assinado na ocasião; e segundo, por não haver razão ou motivo plausível de o Brasil vir a arcar indevidamente com uma despesa de milhões de dólares, com o fito único de beneficiar ideologicamente o presidente paraguaio, em detrimento da população sofrida e desamparada, como é visto nas portas dos hospitais, sem assistência médica e hospitalar, além da comum falta de medicamentos, como infelizmente ocorre.
Acresce ainda, à pretensão do referido presidente, quando, além das exigências formuladas, pleiteia também a construção, pelo Brasil, de mais duas pontes sobre o Rio Paraná, a fim de melhorar o intercâmbio entre os dois países, e aí inclusive, por natural, a rendosa prática do contrabando fronteiriço.
O artigo que republicamos na página 43, do eminente jornalista Ruy Mesquita, diretor do jornal O Estado de São Paulo, esclarece com detalhes e minúcias o crime que se perpetra contra o Brasil com o beneplácito do Presidente Lula, que infelizmente encaminhou o projeto ao Congresso Nacional com recomendação de urgente aprovação.
O referido projeto é altamente contrário aos interesses do Brasil, que não pode aceitar a desmedida pretensão do país vizinho, constituindo verdadeira lesão ao patrimônio nacional. Justificativas mil impõem-se para barrar a pretensão do Presidente Lugo, principalmente considerando a população empobrecida e desgraçada que se encontra nas portas dos estabelecimentos hospitalares em busca de socorro às suas doenças e moléstias. Razões, portanto, existem para rechaçar esse ato que não é somente contra a Pátria, mas principalmente contra o povo sofrido, e por constituir, além de danoso, imoral e vexatório contra os interesses nacionais. A Nação não está em condições de abrir mão da riqueza de 240 milhões de dólares, enquanto milhões de brasileiros sofrem por fome, doenças e estão desassistidos da devida e necessária ação do governo.
A exigência descabida e inclusive atrevida do presidente paraguaio, traz à lembrança a investida também ideológica do líder boliviano Evo Morales, que, com truculência inadmissível, investiu contra o patrimônio da Petrobrás, invadindo mano-militar as instalações da empresa, arrancando do mastro a bandeira do Brasil e subistuindo-a pela da Bolívia, num menosprezo atrevido e aviltante, e que infelizmente, contou também naquela ocasião com a indiferença e o beneplácito do Presidente Lula.
Acresce que ainda existem esperanças para reverter e desconsiderar o infeliz assistencialismo como se pretende ofertar ao referido presidente, em virtude da citada benemerência estar em apreciação perante o Congresso Nacional. Espera-se que os membros sensatos, tanto da Câmara dos Deputados como do Senado Federal — que conhecem e convivem de perto com a miserabilidade que campeia nas choupanas do interior do Brasil, como a falta de água, saneamento básico, alimentação precária, falta da merenda nas escolas, com a população desassistida, injustiçada e carente dos direitos constitucionais, e ainda sofrendo os horrores e tragédias da inclemência das intempéries que lhes destruíram as casas, pequenas colheitas e alguns poucos bens — se rebelem contra essa malfadada proposição, que nominalmente furta do povo a pouca assistência que lhe é devida, face um farisaísmo ideológico manifestamente cruel e trágico.
O Brasil não se pode dar ao luxo de conceder assistencialismo e benemerências políticas e ideológicas, enquanto a população carente tem fome e sede de direitos e justiça. Podemos até tentar minorar com um pouco do que temos as desgraças perdidas, como aconteceu no Haiti e alhures, mas esbanjar o que nos falta é imperdoável. Cabe, portanto, ao Congresso Nacional recusar o ilegal, indevido, abusivo e atrevido achaque pretendido pelo Presidente Lugo.
É de levar em conta, também, que o assistencialismo e a benemerência que se pretendeu estender ao Paraguai foi idealizado antes da trágica e dramática catástrofe climática que se abateu sobre a pobreza absoluta nos estados de Alagoas e inclusive em Pernambuco, torrão natal do Presidente Lula, onde a desgraça e a miséria se tornaram parte daquele povo, como participantes da mais horrível hecatombe que se abateu no Brasil, atingindo principalmente as desgraçadas populações locais. Não é o caso de reverter para nossa gente o assistencialismo e benemerência oferecidos aos outros?
Será que os senhores senadores da República e deputados federais, que têm em suas mãos para apreciação o pedido da escorcha vergonhosa e despudorada para entrega espúria e indevida desses milhões de dólares ao Presidente Lugo, não se conscientizam da desgraça que se abateu sobre seus irmãos afligidos, e ao invés de ampará-los vão compartilhar das indevidas benesses pelo sôfrego presidente?
Em todos os Estados brasileiros, do mais rico, São Paulo, aos mais pobres, Piauí e Maranhão, existem pequenas cidades e vilarejos aonde faltam as mínimas condições de vida e o Estado não cumpre sequer as obrigações mais elementares, deixando a população à míngua, sem escola, sem ao menos um Posto de Saúde, e, portanto, completamente esquecidos e abandonados.
Pergunta-se: será que os senhores membros do Congresso Nacional não sabem dessa desgraçada e dolorosa realidade e continuarão esquecendo a triste situação desse povo sofredor, que eles um dia no passado juraram defender?
Portanto, não vamos dar aos outros o que nos falta e pensar na aplicação do ditado popular: MATEUS, PRIMEIRO OS TEUS!